O Dia em que o Rei riu alto

O Rei riu alto quando a Rainha tirou os sapatos ainda na porta e comentou que até a pressa dela de chegar era poética, como se a saudade tivesse pernas e corresse para alcançá-lo antes mesmo que ela pudesse falar. Luzia, a gata de olhar atento, já aguardava sobre a pequena mesa próxima à entrada, observando a cena como quem vigia o reencontro de dois mundos. Nilo, o outro gato, saltou para dentro de uma das caixas deixadas de lado, como se também desejasse participar da celebração do instante.

Lórien, sempre entusiasmado, correu em círculos em volta da Rainha, latindo baixo como quem anuncia que a vida voltara ao eixo com sua chegada. Bravus, em sua postura mais calma, deitou-se aos pés do Rei, guardando o momento como um tesouro silencioso. A Rainha riu, segurando a mão dele, e disse que em cada detalhe do lar havia um convite para permanecer, desde o calor dos animais até o olhar que encontrava no dele.

O Rei então apertou-a contra o peito, sentindo que o gesto simples de tirar os sapatos carregava a grandeza de um poema inteiro, e que cada passo descalço dela pela casa era como uma promessa renovada de que ali sempre haveria chão seguro, companhia e amor. Luzia, Nilo, Lórien e Bravus, fiéis testemunhas da cena, pareciam compor a moldura viva de um quadro que jamais seria esquecido no coração do Reino.