O Sussurro que Queima

A noite caía como um véu de veludo sobre o Reino de Veramor, tingindo o quarto real de sombras suaves e mistério. O silêncio parecia suspenso, apenas quebrado pela respiração compassada do casal entrelaçado nos lençóis. A Rainha, com seus cabelos espalhados sobre o peito do Rei, aproximou-se de seu ouvido e deixou escapar um sussurro que não era apenas som, mas brasa ardente.

Não foram palavras comuns. Foram promessas escondidas, desejos que o mundo não ousaria ouvir, segredos moldados no calor da pele. O sopro quente atravessou-lhe a espinha como relâmpago, despertando nele forças primitivas e, ao mesmo tempo, ternas. O Rei fechou os olhos, permitindo-se tremer, não de fraqueza, mas de reverência ao poder daquela voz que incendiava sua alma.

Bravus, o leal guardião, ressonava pesado ao lado da cama, em paz por saber que o amor protegia seus senhores mais do que qualquer muralha. Havia algo de mágico naquela entrega silenciosa, como se os dois fossem fogo e lenha, eternamente destinados a se consumir e renascer em chamas.

O Rei deslizou a mão pelo rosto da Rainha, segurando-a com devoção. Cada traço dela era templo, cada olhar, oração. A resposta dele não veio em palavras, mas em um beijo demorado na fronte, como quem sela um pacto eterno.

No espaço sagrado entre o sussurro e o arrepio, entre o desejo e a ternura, eles descobriram mais uma vez que o amor é a chama que aquece e nunca se apaga.

“No seu sussurro, minha Rainha, encontro a faísca que incendeia todo o meu ser.”