O Vento Mudou de Direção

Ana permaneceu sentada à beira do lago, observando as ondas pequenas se desfazerem na margem. O vento soprava de forma diferente naquele dia, trazendo o cheiro das árvores distantes e um frio suave que fazia seus pensamentos se embaralharem. Ela sentia que aquele era um momento decisivo, um ponto sem retorno.

Sua antiga vida parecia tão próxima e ao mesmo tempo distante. Lembrou-se dos rostos conhecidos, dos hábitos diários, das certezas que já não eram mais tão sólidas. O coração apertava ao pensar que bastaria um passo para voltar, mas ao mesmo tempo, havia algo naquele novo lugar que a prendia com força invisível.

Ana fechou os olhos e deixou o vento tocar seu rosto. Perguntou-se se aquele sopro diferente não era um sinal de que o caminho que escolhera até ali ainda não havia terminado. Talvez fosse um convite para permanecer, para criar algo novo, para permitir que o inesperado moldasse seus dias.

O lago refletia o céu nublado, e Ana percebeu que sua mente também estava coberta por nuvens. Sentia o peso da escolha, mas também a estranha paz de saber que, de uma forma ou de outra, o vento sempre muda de direção para quem decide seguir em frente.