Capítulo 108 – O Vinho e o Pecado

A taça de vinho repousava entre as mãos do Rei e da Rainha como se fosse um segredo compartilhado. O rubro líquido refletia a chama das velas, tingindo o ambiente de uma intensidade quase proibida. Ele levou a taça aos lábios dela, e a Rainha sorveu um gole lento, deixando que o sabor permanecesse em sua boca como um convite silencioso.

Quando um fio de vinho escorreu pelo canto dos lábios da Rainha, o Rei não hesitou. Aproximou-se como quem não pede permissão ao destino, apenas o aceita. Com a língua, seguiu o rastro escarlate até o canto da boca dela, sorvendo-o devagar, como se fosse um ritual de culto. A Rainha estremeceu, incapaz de conter o arrepio que a percorreu inteira, enquanto os olhos dela se tornavam ainda mais provocadores, cúmplices daquela rendição.

Luzia, sempre atrevida, enroscava-se aos pés dos dois, miando suave, como se também desejasse partilhar do calor que se espalhava pelo salão. Bravus observava da entrada, atento, enquanto Nilo se acomodava sobre a almofada, e Lórien suspirava pesado, como se compreendesse que o amor de seus soberanos era o verdadeiro espetáculo da noite.

O Rei encostou a boca à dela e murmurou com voz baixa, carregada de desejo e reverência:
— Beber de você é o meu maior vício.

A Rainha sorriu, certa de que naquele instante o vinho não era apenas um prazer, mas a metáfora viva do pecado mais doce — o amor que os consumia sem jamais os destruir.

✨ Citação
“Entre o vinho e o pecado, o Rei descobriu que a verdadeira embriaguez era beber da boca da Rainha.”