O Visitante das Asas Verdes

Era fim de tarde quando o som de asas cortou o ar do jardim. O Rei levantou os olhos e viu um papagaio de plumagem verde e amarela pousar na varanda, observando tudo com curiosidade viva. A Rainha sorriu, encantada com a ousadia do pequeno visitante. Ele inclinou a cabeça, como se entendesse o privilégio de estar diante deles, e soltou um som rouco que parecia um cumprimento.

Bravus aproximou-se primeiro, farejando com respeito; Lórien observava de longe, intrigado; Luzia, sempre dona de seu mistério, apenas piscava com lentidão; e Nilo, curioso, se aproximou devagar, tentando entender quem era aquele novo ser que ousava ocupar o território sagrado do lar.

O Rei estendeu a mão, e o pássaro subiu em seu braço com confiança, como se já soubesse que ali ninguém lhe faria mal. A Rainha, emocionada, disse que ele parecia ter vindo de longe, talvez guiado por alguma força invisível. O papagaio bicou de leve os dedos dela e, com voz clara, repetiu o que parecia ter escutado do coração dos dois: “Amor bonito.”

O Rei e a Rainha se entreolharam, surpresos e tocados. Deram-lhe o nome de Ícaro, porque trazia nas asas o símbolo da liberdade que só o amor verdadeiro concede. Desde aquele dia, ele passou a voar entre os cômodos, cantarolando frases que aprendia, especialmente as que nasciam entre carícias e risadas.

À noite, Ícaro pousou no encosto da cadeira onde a Rainha bordava e murmurou, com a doçura de um eco divino: “Amor bonito.”
O Rei sorriu e respondeu em voz baixa, como se rezasse:
“Bonito, eterno e nosso.”

Luzia ronronava sob os pés deles, Nilo dormia no tapete, Bravus sonhava com campos abertos, e Lórien, do alto da estante, vigiava tudo com olhos de guardião silencioso.
O lar estava completo outra vez.

“Quem chega guiado pelo amor, nunca é visitante, é parte do destino.”