✦ Plantando o Futuro – Capítulo 14

O terreno baldio entre dois prédios antes era apenas terra dura, abandonada e esquecida. Mas naquele domingo de sol, ele se transformou em algo diferente. Crianças e bruxas chegaram cedo, com sementes nas mãos e sorrisos nos rostos. Lara, a bruxa que liderava o projeto, dizia que aquela horta só floresceria se as sementes fossem acompanhadas de gestos gentis.

As regras eram simples. Antes de plantar, cada criança precisava contar uma boa ação que tivesse feito. Um menino contou que ajudou a avó a descer as escadas. Uma menina disse que dividiu o lanche com um colega triste. As sementes só podiam tocar a terra depois dessas pequenas confissões de bondade. E assim foi feito.

Lara e as outras bruxas caminharam entre as fileiras de terra, sussurrando bênçãos antigas. As sementes, ao serem regadas com gestos e palavras gentis, brilhavam por um instante antes de se esconder sob o solo. Um feitiço silencioso percorria o ar. Era possível sentir a esperança como um perfume novo. Pequenas luzes verdes começavam a surgir no chão, brotando antes mesmo do esperado.

Enquanto as crianças brincavam e corriam, algo mais brotava ali. O sentimento de pertencimento. O entendimento de que plantar o futuro não era apenas um ato de jardinagem, mas um pacto com o bem. As bruxas voltariam toda semana, mas era das mãos pequenas e dos corações sinceros que viria o verdadeiro milagre.

Aquela horta não era comum. Crescia de acordo com a generosidade do bairro. E todos sabiam que, quanto mais amor fosse semeado, mais alimento e cura surgiriam da terra. Ali, o futuro tinha raízes profundas e folhas cheias de esperança.

Plantando o Futuro – Capítulo 14