✵ Quando o Nome For Dito – Capítulo XX

Durante eras, o nome permaneceu oculto. Não por medo, mas por necessidade. Ele estava selado em fragmentos de sonhos, nos gestos das mãos velhas que costuravam o véu entre mundos, nos olhos das crianças que ainda lembravam do que nunca lhes foi ensinado.

Era um nome tecido com tempo e ausência, e sua pronúncia significava mais do que revelação: era retorno.

Liora o encontrou não em um pergaminho, nem no eco de um feitiço, mas em si mesma. As visões convergiram. As páginas sangrentas calaram. A guardiã silenciou o vento. E até os sem-alma recuaram, temendo aquilo que sequer compreendiam.

Reunidas na Última Roda, as que restaram ouviram o sussurro tornar-se voz. O nome emergiu como um trovão contido, rachando o tempo, desvelando o que estava sob as máscaras, os pactos e as perdas.

Ao ser dito, o chão tremeu. As raízes se ergueram. As montanhas exalaram o sopro da origem.

Não era o fim. Nem o início.

Era o retorno ao que foi esquecido:
“Era apenas um nome. Mas ele lembrava quem éramos antes de tudo ser esquecido.”

Quando o Nome For Dito – Capítulo XX