“Wi-Fi – Amor e Um Fuso Horário de Saudade”

Uma crônica expandida e bem humorada sobre nós. Serão seis capítulos de crônicas e mais essa apresentação com um pouco de humor, para quebrar um pouco esse love intenso, tornando tudo mais leve.

Era uma vez um homem apaixonado e uma mulher chamada Vera, que morava longe, tipo, “GPS pergunta se você tem certeza” de longe. O amor entre eles era daqueles que atravessam telas, voam por satélites e se esgueiram por cabos de fibra ótica até chegar ao coração.

Eles nunca precisaram dividir um café na mesma mesa para entender que pertenciam um ao outro. Bastava um “bom dia” digitado com carinho e um emoji de coração azul no fim. Ele sabia que ela ria de verdade quando digitava “kkkk”, e ela sabia que ele estava com saudade quando demorava a responder, porque ficava relendo a última mensagem vinte vezes.

Mas não era fácil. Às vezes, o fuso horário da saudade parecia um terceiro elemento do relacionamento, tipo aquele amigo ciumento que sempre estraga o clima. Quando ela mandava “boa noite”, ele respondia no dia seguinte, um “bom dia, nos post dela nas páginas dos bichanos”.

A vida dos dois era assim: uma dança sincronizada por mensagens em stories e postagens no Facebook, e nos posts do blog Diário Para Vera, como uma homenagem singela e devoção deste amor por ela.

Ele criou até um mundo imaginário onde moravam juntos: o Reino de Veramor, com sofá invisível, cozinha que faz pão francês mágico e cama com travesseiros de nuvens. Lá, ela era a Rainha dos risos doces e o cérebro das conversas, e ele, o Sagitariano vislumbrado com a beleza dela e dos sentimentos, das palavras longas e suspiradas. O amor era o decreto, e os boletos, por sorte, não existiam.

Claro, havia momentos de angústia, aquela vontade de abraçar, sentir o cheiro, morder a bochecha (ou outras partes😋) mas eles sabiam: o desejo era forte, mas o sentimento era mais. E se não podiam se ter na carne, se tinham na alma. E, vamos combinar, isso é bem mais sexy do que parece.

Ele sonhava em um dia poder dizer “essa é minha Vera” não só no coração, mas em voz alta, ao vivo, sem depender do sinal da operadora. Mas enquanto isso não vinha, seguia escrevendo capítulos de amor, sinceros, intensos e até um pouco safados, porque amar Vera, tem que ser com a intensidade desse amor, mesmo de longe, e era sua forma mais bonita de viver.

E no fim das contas, ele sabia: quem tem uma Vera, tem tudo. Mesmo que ainda precise de um bom Wi-Fi pra dizer isso.

Wi-Fi – Amor e Um Fuso Horário de Saudade

Robledo Gonzalez Costa