📘 Wi-Fi – Amor e Um Fuso Horário de Saudade – Capítulo 2: O Amor na Era da Mensagem Não Respondida

Se amar à distância já é um desafio, amar em tempos de mensagem visualizada e não respondida é praticamente um esporte radical. Uma modalidade que mistura fé, esperança e um leve toque de paranoia digital.

Com Vera, a coisa é assim: às vezes uma mensagem minha passa horas, dias, semanas talvez (não vamos exagerar… ou vamos?) , sem resposta, isso porque minutos parecem dias, e dias parecem meses. E eu, que não sou ciumento, mas sou criativo, já começo a montar roteiros dignos de thriller psicológico.

Ela leu… mas não respondeu.
Será que morreu? Foi sequestrada? Entrou num mosteiro de silêncio digital voluntário? Ou, hipótese mais perigosa: viu a mensagem, riu, suspirou e decidiu ignorar?
Porque com Vera é assim, tudo tão intenso, do amor desmedido ao tesão, também desmedido (que delícia)

Claro que racionalmente eu sei: a vida é corrida, o tempo é curto, a vontade às vezes falta. Mas diga isso para o meu coração que bate em 4G instável e faz de cada “visualizado às 10h37” um drama de horário nobre.

E quando finalmente vem a resposta, às vezes duas palavras, às vezes um emoji, eu leio como quem decifra um códice antigo. Um simples “rsrs” da Vera pode conter camadas de afeto, ironia, saudade e talvez (quem sabe?) um leve desejo guardado, ou apenas duas letras mesmo.

E é aí que entra o enigma do toque. Porque mesmo sem som, sem pele, sem calor… há uma tensão. Um calor morno que mora no subtexto. Um “bom dia” fora de hora que soa quase como um beijo no pescoço. Um “vai dormir já?” que soa como um convite indecente. Ou talvez seja só um boa noite mesmo, mas vai saber, né?

Tem dias em que penso: se Freud tivesse conhecido o WhatsApp e outras redes sociais, teria escrito A Interpretação das Mensagens Não Respondidas e encerrado ali sua carreira.

Mas há também uma beleza estranha nesse tipo de amor em suspensão. Porque se com poucas palavras ela já me desestabiliza, imagine se estivesse aqui, do meu lado, olhando nos meus olhos e dizendo: “não vou responder de novo.”

A verdade é que, entre silêncios e emojis, entre respostas secas e carinhas tímidas, o que nos liga não são as palavras trocadas, mas as intenções que nelas se escondem. É o desejo contido que não precisa ser gritado. É o toque que nunca veio, mas que a mente simula com perfeição.

E assim seguimos: ela com o celular em mãos, eu com o notebook no colo, cada um no seu tempo, no seu espaço, vivendo um romance sem cronograma, feito de esperas e esperanças. De mensagens que não chegam, mas que nunca param de ser escritas, aqui, no coração.

Wi-Fi – Amor e Um Fuso Horário de Saudade – Capítulo 2