Wi-Fi – Amor e Um Fuso Horário de Saudade – Capítulo 3 – Entre Climas, Cidades e Sentimentos

“A distância entre nós não se mede em quilômetros, mas em incontáveis vezes por dia que eu penso em você, nesse amor, nessa mulher encantadora que és, em te despir com os olhos, te beijar com vontade e responder teu ‘bom dia’ com um ‘vem logo’. Porque, sinceramente, nem o GPS conseguiria traçar o caminho entre mim, meu amor, meus anseios e devaneios… até chegar a você, teu corpo, tua essência, tua alma, e enfim poder te amar como tantas vezes declarei, em palavras soltas por aí, disfarçadas em posts apaixonados.

Ela acorda cedo, com miados de gatos, e ele, sem um horário definido, muitas vezes acorda com o silêncio que ela deixou no Facebook na noite anterior.
Enquanto o sol nasce por lá, ele parece ainda conversar com a lua, pedindo explicações sobre como pode o último “curtir” ter sido a 17 horas atrás. Afinal, no mundo do Veramor, o tempo não obedece ao seu relógio, apenas às batidas descompassadas de seu coração, enquanto o dela já repousa em seu descanso merecido. Vivemos em horários algumas vezes, incompatíveis.

A distância entre suas cidades não é apenas medida em quilômetros, mas em suspiros acumulados, em cafés tomados sozinhos, em lençóis esticados demais e vontades que não cabem em telas. Ela vive num clima intenso e desgastante em seus afazeres; ele, numa estação emocional de tempestade permanente sempre que ela demora a aparecer online. É vero, muitas vezes isso acontece, onde cinco minutos parecem uma eternidade!!!

Mas é nesse vai e vem entre os fusos, entre o “bom dia” que algumas vezes ele já leu como “boa tarde ou boa noite” e o emoji de coração que chega com quatro horas de atraso, que eles constroem uma espécie rara de intimidade: aquela que sobrevive ao tempo, ao espaço e até ao algoritmo do Facebook. É um amor sem tempo, sem fim, mas é doce, muito doce!!

Cada notificação vira um acontecimento.
Cada story dela, um trailer de filme que ele assiste em silêncio, com um desejo indecente de estar ali, na cena, no corpo, na pele.
E cada “visualizado” não respondido? Isso não acontece, mas se acontecesse seria como uma epopeia grega de dúvidas, angústias, esperanças! 

Ela, do lado dela, mal imagina que uma simples foto é como se fosse uma selfie, porque tudo o que vem dela, a primeira coisa que ele olha, é a imagem dela, o que lhe atrai tão intensamente e ao mesmo tempo o conforta, mas que pode causar um vendaval hormonal do lado de cá.
E ele, claro, responde com curtidas meticulosamente calculadas, equilibrando ternura e provocação, como quem joga pétalas de rosas vermelhas e azuis e pólvora no mesmo gesto. Mas infelizmente não pode ser mais carinhoso porque pode expô-la, e isso jamais pode acontecer.

No mapa do Veramor, não há fronteiras.
Só rotas tortas feitas de lembranças, vontades e essa saudade que atravessa cidades, climas e a pele, sempre ela, a pele, a pele dela… o destino mais desejado: Ela… a Sua Vera… essa mulher encantadora que deixa tantas saudades quando está em off. 
Ele sonha em tocá-la não apenas com os olhos que vagueiam por fotos, mas com a alma, e, com licença poética, também com sua boca, com sua língua, com suas mãos e tudo mais que a geografia permitir um dia.

Até lá, ele a espera… entre um fuso e outro, entre o desejo e o devaneio, drenando quase que totalmente sua energia ao atingir o êxtase, colocando-o a nocaute por alguns instantes, na esperança de que ela, algum dia, sinta esta energia drenada de seu corpo, como num passe de mágica espiritual, chegar ao corpo dela, em suas mãos, em sua boca, pois, também, todo esse tesão e energia contida em cada gota do seu prazer, pertencem a ela!!

Wi-Fi – Amor e Um Fuso Horário de Saudade – Capítulo 3