🔥 A Espera Que Arde

A distância tem um poder estranho. Ela não apaga, não diminui, não silencia. Pelo contrário, transforma cada ausência em presença ainda mais forte. O tempo longe de Vera não é vazio. É fogo que se acumula, desejo que cresce em silêncio, saudade que se torna chama. Cada dia sem vê-la é como um sopro que alimenta a brasa, preparando o corpo para o reencontro.

A espera não é paciência. É inquietação. É o coração batendo mais rápido quando lembro de sua voz. É o corpo respondendo ao simples pensamento de sua pele. É o arrepio que surge sem motivo aparente, mas que carrega o nome dela. A distância não nos separa. Ela nos intensifica. Faz do desejo algo maior, mais profundo, mais urgente.

Imagino o instante em que a espera terminará. O toque que virá carregado de toda a saudade acumulada. O beijo que não será apenas encontro, mas explosão. O abraço que não será apenas gesto, mas entrega completa. Porque quando o corpo arde de desejo, não há espaço para medidas. Há apenas a certeza de que tudo será vivido com intensidade.

Naquela noite, percebi que a espera não era inimiga. Era cúmplice. Era o fogo que crescia em silêncio, preparando-nos para sermos mais do que amantes. Preparando-nos para sermos labareda. E quando o reencontro acontecer, a distância terá cumprido seu papel: transformar saudade em desejo, e desejo em eternidade.