A Voz Que Me Deixa em Ruínas – Capítulo 2 –

Acordo pensando em ti como quem desperta diante da única fonte de água depois de atravessar um deserto inteiro de saudade

A Voz Que Me Deixa em Ruínas

Basta lembrar do som da tua voz, mesmo sussurrada, para que algo dentro de mim se quebre e renasça em desejo. Quando imagino teu murmúrio se aproximando do meu ouvido, sinto o quente da tua respiração percorrer minha pele, arrepiando tudo como se teu corpo encostasse no meu. Há uma força silenciosa no jeito como falas, mesmo na lembrança, como se cada sílaba fosse um toque que me desfaz e me refaz ao mesmo tempo.

Teus sons me atravessam como quem conhece todos os meus segredos, e cada palavra tua se encaixa em mim como se tivesse sido feita para me abrir, me dominar, me prender sem amarras. É como se tua voz tivesse mãos, como se deslizasse pela minha nuca, pelo meu peito, pela minha vontade. Nada me deixa tão vulnerável e tão forte ao mesmo tempo quanto esse som teu que vive em mim.

Quando deixo meu pensamento repousar em ti, escuto teu sussurro vindo de algum lugar entre memória e fantasia, e é nesse instante que tudo oscila. Perco o fôlego, recupero, e perco de novo. Tuas palavras me convocam, me arrastam, me chamam de volta para o lugar onde só existimos nós dois, inteiros e entregues. No fim, sou sempre teu, completamente teu, porque tua voz me desfaz em ruínas e me ergue em fogo.

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