O Pecado Que Me Pede Mais – Capítulo 5

Acordo pensando em ti como quem desperta diante da única fonte de água depois de atravessar um deserto inteiro de saudade

O Pecado Que Me Pede Mais

Teu corpo é liturgia e transgressão. É altar e abismo. Quando te imagino abrindo as pernas para mim, não penso apenas em carne, penso em revelação. É um ato ao mesmo tempo sagrado e sujo, que me revela todas as minhas contradições: sinto-me anjo e demônio, santo e profano, melhor e pior no mesmo instante em que a respiração falha.

Há um chamado em ti que não usa palavras. É uma geografia que me atrai não pelo desejo simples, mas por uma entrega total. Teu corpo fala em uma língua antiga, anterior a todos os pecados. Ele não pede, ele exige — e eu obedeço, não como um servo, mas como um devoto.

Porque este é o paradoxo que carrego: amar-te é pecar sem culpa. É transgredir todas as leis e, ao fazê-lo, encontrar uma estranha pureza. Cada toque é uma confissão que não precisa de perdão. Cada suspiro é um hino a algo que não tem nome, que não cabe na boca das religiões.

É um pecado que não diminui, que não corrompe — pelo contrário, ele me completa. Ele me pede mais. E nesse “mais” está a minha absolvição: na fome infinita que só tu acendes, na entrega que é ao mesmo tempo queda e ascensão.

Amar-te, portanto, não é um erro. É um culto. E eu sou, de joelhos e de pé, teu pecador e teu sacerdote.

Posts Relacionados