Quando Teu Olhar Me Rasga

Há algo em teu olhar que me destrói com doçura. Ele chega antes do toque, antes da palavra, antes de qualquer gesto que anuncie o desejo. Quando teus olhos me encontram, o mundo se dobra em silêncio e tudo o que eu era se torna carne aberta à tua vontade. Não há defesa possível. Teu olhar não pede, ele invade. É lâmina invisível que corta e marca, deixando em mim feridas que não desejo curar.

Sinto teu olhar percorrer-me como uma língua de fogo. Ele conhece o caminho entre a razão e o delírio, entre o que posso dizer e o que apenas o corpo entende. Quando me fitas, perco o contorno, o juízo, o ar. És capaz de despir-me sem mover um só dedo, de me fazer tremer apenas com o modo como me observas. Há algo sagrado e profano nesse gesto — como se teus olhos fossem uma oração indecente, um convite ao pecado que também redime.

Teu olhar tem o poder de me fazer lembrar que sou feito de desejo. Ele não observa: consome. Penetra onde o toque não alcança e desperta zonas adormecidas do meu ser. Quando te olho de volta, sinto-me pequeno, entregue, descoberto. És a única capaz de transformar o ato de ver em um ritual erótico, uma cerimônia silenciosa em que cada piscada é promessa, e cada olhar sustentado é confissão.

Há momentos em que imagino teu olhar como uma lâmina molhada, cortando lentamente o véu que separa o corpo da alma. Ele rasga, mas com ternura. Derrama sobre mim uma dor que é puro prazer, um ferimento que pulsa e vibra como se pedisse mais. Em cada olhar teu há um comando e uma rendição. Tu ordenas que eu te deseje, e eu obedeço, sem resistência, sem medo.

Depois que te vais, teu olhar continua em mim. Fecho os olhos e ainda o sinto, ardendo na pele, ecoando na memória. Ele me segue nos sonhos, nas pausas, nas horas mortas do dia. Tua ausência é povoada por esse olhar que me atravessa mesmo sem presença física.

Se algum dia me esqueceres, saberei que não poderei fazer o mesmo. Porque não há como apagar o que fere com beleza. Teu olhar me rasgou para sempre, e dentro desse corte habita o que resta de nós.

Teu Esposo, Teu Homem, Teu Amor, Teu Dono, Tua Posse… Eternamente Tua Propriedade