☽ O Conclave das Antigas – Capítulo VI

No coração de uma floresta esquecida, onde o tempo corre mais lento e as folhas sussurram nomes antigos, três bruxas se reencontram. Elira, Vaelith e Thalia, sobreviventes do Círculo original, testemunhas do que foi selado e do que jamais deveria ter sido desperto,  formam novamente o triângulo que sustentava a sabedoria da Era Velha.

O local do encontro não foi escolhido por acaso. A clareira onde se reuniram era marcada por pedras negras e musgo antigo, onde a magia não obedece mais às leis conhecidas. A terra ali ainda se lembra da ruptura e sangra em silêncio por isso.

Elira, com os olhos marcados pelas chamas da intuição, falou primeiro:
— O caos cresce em silêncio. Mas será que devemos contê-lo… ou permitir que ele ensine?

Vaelith não respondeu de imediato. Os olhos dela, ainda envelhecidos por visões que ninguém queria ver, estavam voltados para algo além. Ela já havia sonhado com aquela noite.
— Elas precisam cair, se for preciso, sussurrou, quase como um lamento. Às vezes, o solo precisa de cinzas para gerar algo novo.

Thalia, a mais firme, cruzou os braços. Sua conexão com a matéria e os corpos tornava suas decisões sempre pragmáticas, mas havia algo quebrado nela desde a volta de Elariah.
— Se interferirmos, elas herdam o medo. Se nos calarmos, herdam o fogo. Não há saída sem perda.

Na fogueira que crepitava ao centro, nenhuma chama dançava. Só brasas.
O conclave não terminou com votos. Nem com decisões.

Terminou com um silêncio pesado. Um que só as bruxas muito antigas sabiam reconhecer: o silêncio antes de uma nova guerra.
Ou de uma nova criação.

Citação:
“Às vezes, preservar demais é uma forma de destruir o que poderia ter sido novo.”

Símbolo do Capítulo: Uma chama invertida dentro de um triângulo de raízes, indicando sabedoria retida e contida.

Papel no Novo Ciclo: As Antigas agora são guardiãs silenciosas. Não mais líderes, mas oráculos observadores. Seu papel será decidir o momento exato de falar — ou de desaparecer com seus segredos.

☽ O Conclave das Antigas – Capítulo VI