✦ Domingo de Tarot na Feira – Capítulo 8

Aos domingos, a praça da Vila do Cedro se enche de vida. Barracas coloridas oferecem de tudo um pouco: frutas frescas, queijos artesanais, pães dourados e sabonetes de lavanda. Mas entre todas as tendas, uma em especial atrai olhares e suspiros, a de Maia, a bruxa do tarot.

Sentada sob um tecido estampado com estrelas douradas, Maia veste um vestido fluido cor de açafrão e adornos sutis feitos de pedras lunares. Seu sorriso é gentil, e seus olhos, atentos como os de quem lê não apenas cartas, mas histórias inteiras.

Ao redor da mesa redonda coberta por um pano azul-escuro bordado à mão, pessoas se sentam em busca de respostas. Mas o que recebem, na maioria das vezes, são bênçãos. Não do tipo místico e distante, mas aquelas que se materializam em palavras simples e certeiras.

— “Essa carta fala de recomeço. Talvez o que você ache ser uma perda seja só uma troca de pele.”

— “Você tem força. Mais do que pensa. E vai saber o momento certo de usá-la.”

A fila nunca é longa porque o tempo com Maia não se mede em minutos. Mede-se em suspiros aliviados, em olhos marejados de quem se reconhece ali, refletido no oráculo. O mais curioso é que nem todos acreditam nas cartas. Mas todos saem dali acreditando um pouco mais em si mesmos.

Ao final da tarde, enquanto a feira começa a se dispersar e os primeiros raios dourados do entardecer tocam as folhas das árvores, Maia guarda as cartas com delicadeza e gratidão. Ela sabe que domingo que vem haverá novas histórias, novas dores, novos caminhos. E ali, no centro da feira, continuará sua pequena magia de escuta e revelação.

“Às vezes, uma carta não diz o futuro. Diz apenas que o coração foi ouvido.

Domingo de Tarot na Feira – Capítulo 8