✦ O Bordado das Estações – Capítulo 23

No alto de uma colina onde o vento muda de direção com o passar das estações, vive Aurora, uma bruxa artesã conhecida por seus bordados que encantam o tempo. Sua casa é pequena, feita de madeira clara e janelas sempre abertas. Dentro dela, bastidores de bordado espalhados por todos os cantos, cestos de linhas coloridas e tecidos naturais que exalam o cheiro das árvores.

Aurora não borda apenas figuras bonitas. Cada ponto em seus tecidos guarda a energia de um momento do ano. Com fios de primavera, ela borda alegria e recomeços. No calor do verão, seus bordados trazem coragem e expansão. Quando chega o outono, seus pontos abrigam o desapego e a introspecção. E no inverno, com as linhas mais densas, ela costura o recolhimento e a sabedoria silenciosa.

A cada nova estação, ela recebe pessoas da vila que trazem tecidos em branco e histórias para costurar. Antes de começar, Aurora oferece chá de maçã com canela e ouve em silêncio. Em seguida, escolhe as cores com cuidado e começa a bordar. Seus dedos deslizam como se dançassem, guiados por algo que vai além da técnica.

Ao final, cada pano se transforma em um símbolo vivo. Pendurar o bordado em casa é como abrir as janelas para a energia da estação certa, como respirar no tempo certo. As casas parecem respirar melhor, as pessoas dormem com mais calma, as decisões pesam menos.

Ninguém sabe como ela aprendeu essa arte. Dizem que foi a avó que lhe ensinou, uma bruxa antiga que falava com as árvores. Outros dizem que Aurora ouve o próprio tempo bordando de volta.

O que todos sabem é que seus panos não são simples enfeites. Eles são como bússolas que alinham o coração com o mundo.

E quando alguém pergunta como ela sabe o que bordar, Aurora apenas sorri e responde:
— O tempo sempre avisa. A gente é que precisa aprender a escutar.

O Bordado das Estações – Capítulo 23