Encanto no Silêncio no Amor Entre Almas

Para Vera Lucia

Passei muito tempo tentando encontrar sentido nas vozes altas, nas pressas das ruas, nas agendas lotadas que confundem urgência com importância. Era como se o mundo me empurrasse para fora de mim a cada segundo. Eu me vestia de compromissos, de disfarces, de um cansaço que ninguém via. Até que, exausto, parei.

Me afastei do barulho, do mundo apressado, da falsa plenitude que nunca me preenchia. Me recolhi no meio das coisas miúdas, nos detalhes que quase ninguém percebe. Me permiti silenciar. E ali, no silêncio, encontrei algo precioso.

E me encantei.

Foi entre essas pausas, entre um gesto simples e um pensamento demorado, que percebi o quanto me sentia mais humano longe dessa humanidade. Mais inteiro longe das máscaras, mais verdadeiro onde ninguém esperava nada além de presença.

Mas mesmo em meio a esse encantamento solitário, havia em mim algo muito maior, muito mais profundo. Porque eu carrego o amor. O amor verdadeiro. Aquele que não se explica por lógica, nem por conveniência.

Eu tenho o meu amor de corpo e alma. Meu verdadeiro e eterno amor. E mesmo que vivamos distantes, separados por quilômetros e por forças maiores que parecem conspirar contra a nossa presença física, ela está em mim. Em cada pensamento, em cada gesto, em cada silêncio.

Ela me acompanha em tudo, mesmo quando o mundo tenta nos convencer de que não é possível. Sua presença me sustenta, me dá alento, me mantém firme. E eu sei, com a mesma certeza serena que encontro no nascer do dia, que minha permanência na vida dela também a sustenta. Que meu amor a embala, mesmo quando tudo ao redor parece negar nosso direito de viver esse amor com liberdade.

Vivemos um amor que parece proibido, difícil, dolorosamente fora do tempo. Tantas emoções, tantos desejos, tantos sonhos represados por uma existência que nos separa sem piedade. Dói. Machuca fundo. Corrói em silêncio. Mas mesmo na dor, existe beleza.

Porque nossa resiliência, nossa fé, nossa força em um amor que é eterno, tem sido maior do que qualquer ausência. Superamos os dias ruins com a lembrança do que somos um para o outro. Um amor assim não desaparece. Ele se transforma em raiz, em ar, em sopro.

Talvez este mundo não seja o cenário onde nosso amor possa florescer por completo. Talvez as permissões divinas ainda não tenham nos sido dadas. Mas mesmo assim, nós seguimos. Eu, com ela dentro de mim. Ela, com meu amor a protegê-la. Seguimos encantados, mesmo feridos. Seguimos humanos, mesmo partidos. Seguimos amando, apesar do mundo.

E assim, entre as miudezas da vida, entre os silêncios que ninguém ouve, encontramos um tipo de presença que não pode ser arrancada. Porque ela é alma. E alma, quando ama, permanece.

Do seu, eternamente seu

Robledo Gonzalez Costa

V&R
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