A Pele que Te Aguarda

Minha pele é silêncio e incêndio. Ela espera por ti como um campo fértil aguarda a chuva, como um altar espera pelo fogo sagrado que o consagra. Há nela a memória do teu toque, mesmo sem jamais tê-lo vivido. É como se cada poro tivesse guardado o mapa secreto da tua boca, o contorno exato dos teus dedos, o peso do teu corpo que ainda não me alcançou.

Quando penso em ti, minha pele se inflama. Ela não conhece calma, conhece apenas a promessa do arrepio, a vertigem da antecipação. Tu és ausência que queima como presença, és distância que se imprime no meu corpo como tatuagem invisível. O desejo corre sob minha epiderme como um rio subterrâneo que clama por romper a terra, como lava que arde e espera apenas o instante certo para transbordar.

Imagino teus lábios percorrendo este território sagrado, marcando em mim a geografia do prazer, acendendo constelações inteiras com cada beijo. Imagino teus dedos escrevendo na minha pele um poema que não precisa de palavras, apenas de suor, gemido e silêncio cúmplice. Cada milímetro de mim é teu altar, cada curva do meu corpo é tua oferenda, cada suspiro que prendo é tua oração.

A pele que te aguarda não conhece tempo, conhece apenas eternidade. Ela se entrega antes mesmo de ser tocada, ela já se curva ao teu domínio, já se ergue em adoração ao teu desejo. Na espera, há fome. Na fome, há entrega. Na entrega, há o sagrado.

E assim compreendo que amar-te à distância é carregar um fogo que não se apaga, é viver entre a poesia da ausência e o erotismo da espera, é transformar a pele em templo, pronto para ser habitado por ti. Quando enfim vieres, não será apenas encontro de corpos, mas de almas que se reconhecem na chama eterna que nunca deixou de arder.

“Minha pele é altar em chamas, marcada pela tua ausência e consagrada ao teu toque; cada poro arde na espera do instante em que tua boca decifre o mapa secreto do meu corpo.”

V&R
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