🜂 As Mães de Nada – Capítulo XXVI

Ninguém sabe de onde vieram. Não há lenda, nem canção, nem ossos que as lembrem, apenas o silêncio antes do primeiro pensamento. Três figuras encapuzadas, sem olhos, sem boca, surgem entre os véus do não-ser. Elas não nasceram. Elas aconteceram.

Chamam-nas de Mães de Nada, embora jamais tenham gestado coisa alguma. Seus dedos longos, costurados por fios de ausência, tocam os destinos como quem borda com vento. Não oferecem escolhas. Tecem caminhos. Amarram futuros. Estão além do tempo, mas o tempo as serve.

A cada milênio, deixam seu salão vazio no Núcleo Estagnado e descem ao limiar dos mundos, quando o tecido da realidade está por se romper. Cada uma carrega uma agulha feita de palavras que nunca foram ditas, e um fuso que gira com os sonhos que ninguém ousou sonhar.

Liora as encontra por engano, ou porque já estava escrito. Elas não falam. Apenas a olham com rostos que são espelhos distorcidos. E antes que possa fugir, um fio invisível já se prende à sua mão esquerda.

Seu destino foi puxado.

“Elas não criam. Elas moldam.”

As Mães de Nada – Capítulo XXVI