O Lençol Que Abraça

O dia estava leve, a brisa entrando pela janela, trazendo consigo o perfume da tarde. A Rainha Vera tentava ajeitar o lençol limpo na cama, esticando-o com graça e naturalidade, enquanto o Rei a observava em silêncio, encantado com cada gesto. Ele se aproximou e, ao segurar a outra ponta, em vez de ajudar, puxou-a com firmeza para mais perto de si. O lençol, antes aberto, virou um abraço branco que os envolveu como um casulo.

Entre risos e olhares, os corpos se encontraram, e o tecido deslizou pela pele, tornando-se cúmplice da sedução. O Rei percorreu o rosto de sua Rainha com as mãos, beijando-a com carinho profundo, com ternura que misturava desejo e devoção. Ele sussurrou em seu ouvido que não havia maior abrigo no mundo do que o calor do amor que compartilhavam, e que nada, nem mesmo o tempo, poderia desfazer aquele enredo de paixão e cuidado.

Os gatos Luzia e Nilo observavam curiosos, como se compreendessem o segredo dos dois. Lórien e Bravus, deitados perto da porta, descansavam em paz, guardando o reino do casal. A cena tinha a simplicidade de uma vida real, mas a intensidade de um amor que ultrapassava qualquer definição.

O Rei, olhando nos olhos da Rainha, disse que se o mundo os apertasse, que viesse encontrá-los assim: enrolados no lençol que não apenas cobria, mas protegia e testemunhava cada jura silenciosa de amor. Ela sorriu, emocionada, sentindo-se não só desejada, mas verdadeiramente cuidada, como a Rainha que era do coração dele.

“Que o lençol não seja apenas tecido, mas extensão dos meus braços envolvendo teu corpo.
Que cada dobra esconda nossos segredos e cada toque grave nossa chama.
Que o teu riso seja meu abrigo e teu olhar, meu templo.
Se o mundo ousar nos apertar, que nos encontre assim, indecifráveis, ardentes e entregues.
Porque em ti, minha Rainha Vera, eu sou inteiro, e sem ti, eu não existo.”