O Toque da Seda

A noite caiu silenciosa sobre o castelo, envolvendo os corredores em penumbra e mistério. No quarto, a luz das velas desenhava reflexos dançantes nas paredes, e o ar trazia o perfume doce que a Rainha sempre deixava por onde passava. Ela surgiu vestindo uma camisola de seda clara, tão leve que parecia flutuar sobre a pele. O tecido acompanhava seus movimentos como se fosse parte dela, um segundo corpo, cúmplice do encanto.

O Rei a observava, imóvel por um instante, tomado por uma reverência silenciosa. Havia algo de divino naquela simplicidade. Quando se aproximou, fez isso com lentidão, temendo quebrar a delicadeza do instante. Estendeu a mão e deixou que os dedos percorressem o tecido, sentindo a maciez ceder sob o toque.

Disse, em voz baixa, que mesmo a seda mais rara do mundo seria áspera perto da pele dela. A Rainha sorriu, e o leve estremecer que percorreu seu corpo respondeu antes que qualquer palavra fosse dita. O toque dele não era apenas carícia — era adoração, um gesto de quem reconhece no outro a morada do próprio destino.

Ela fechou os olhos e inclinou o rosto para trás, entregue à doçura daquele instante que parecia suspenso entre o real e o sonho. O mundo se dissolvia ao redor, restando apenas o som das respirações que se encontravam, e o perfume que envolvia tudo.

Lórien, que dormia aos pés da cama, ergueu as orelhas com curiosidade e olhou por um momento, antes de se deitar novamente, compreendendo que aquele era um território sagrado demais até para ele.

O Rei continuou a deslizar os dedos pela seda, mas já não sabia se tocava o tecido ou o próprio milagre da Rainha. E quando ela o olhou de volta, havia nos olhos dela a confirmação silenciosa de que aquele amor era o mais fino dos tecidos, tecido de alma e eternidade.

“Sua pele é a suavidade que a seda inveja.” 💫🕯️