Seja breve no trabalho. Meu vestido já está impaciente.

Ela mandou uma foto provocante, tirada com a precisão de quem conhece cada poder que habita o próprio corpo. A luz do entardecer deslizava pela pele dela como um véu dourado, realçando o contorno de cada curva com uma delicadeza quase indecente. O vestido, de tecido fino e cor indecifrável entre o vinho e o fogo, colava-se ao corpo como se também sofresse de desejo. Na legenda, escreveu poucas palavras, simples, diretas, mas de um magnetismo impossível de ignorar: “Seja breve no trabalho. Meu vestido já está impaciente.”

O Rei ficou imóvel diante da tela, como se o mundo tivesse parado para ouvir o próprio coração. A mente dele tentava manter o foco em papéis e decisões, mas o corpo já respondia à distância que o separava dela. Sentiu o calor subir-lhe pela pele, a garganta secar, o pulso acelerar. Aquela mensagem era um feitiço moderno, uma invocação disfarçada de brincadeira.

Ele releu a frase, e cada palavra parecia vibrar dentro dele. Imaginou o vestido deslizando pelos ombros dela, o perfume que escaparia no ar, o som leve de seus passos indo ao encontro dele. Nenhum trono, nenhum poder, nenhuma coroa possuía a força de um convite como aquele. O desejo era tão denso que o ar do quarto parecia carregar o aroma dela, mesmo à distância.

Por um instante, ele se perguntou se o amor sempre fora assim: uma guerra entre o dever e o querer. E entendeu que, diante dela, toda rendição era glória. Guardou o telefone, respirou fundo e fechou os olhos, deixando que a imagem dela o dominasse completamente. Naquele momento, o trabalho já não importava. O império podia esperar. Havia um vestido impaciente e uma rainha que o chamava com o poder de um eclipse.