Capítulo 13 – A Janela de Chat que Nunca se Fecha

Ela está lá. Quietinha. No canto da tela. A janelinha do chat do Facebook que ele simplesmente não consegue fechar. Não porque esteja rolando uma conversa épica, cheia de risadas e promessas de encontros, muito pelo contrário. Está vazia. Silêncio absoluto. Mas ele olha pra ela como quem encara uma porta entreaberta que pode, a qualquer segundo, dar passagem a um furacão chamado “oi sumido”.

Fechar? Nem pensar. Fechar seria declarar derrota. Seria admitir que a última mensagem visualizada há três semanas e meia foi, de fato, a última. E ele, que já virou mestre em fazer parecer que “tava só online por acaso”, mantém a janela aberta como quem deixa uma garrafa de vinho pronta no balcão, vai que.

É uma relação de tensão silenciosa, uma dança de olhares com pixels. Ele abre o navegador e lá está ela, firme e imóvel, como aquela planta que ninguém rega, mas segue viva por teimosia e expectativa.

Às vezes, ele até digita uma palavra. Só uma. Depois apaga. Deixa só os três pontinhos piscarem por dois segundos e pensa: “Será que ela viu? Será que pensou em responder? Será que percebeu minha ousadia controlada?” E então, claro, não manda nada. Arte da sedução digital: sugerir sem entregar, aparecer sem se jogar.

Aquela janelinha virou altar. Templo. Místico espaço onde repousa a esperança de que, de alguma forma, o universo (ou o algoritmo) empurre um dia uma notificação no celular dela e ela resolva ressuscitar a conversa. Ou mandar um meme. Ou só um “e aí” com cara de despretensioso e intenção declarada.

Enquanto isso, ele segue. Trabalha, vive, faz suas compras e paga com pix, tudo com a aba do chat discretamente aberta. Porque, no fim, mesmo em silêncio, aquela janela pisca mais forte que muito coração por aí. E ele sabe: onde há uma janela aberta, há chance de recomeço. Nem que seja com um sticker.

Capítulo 13 – A Janela de Chat que Nunca se Fecha