O Tempo das Entrelinhas – Capítulo 5

No Reino de Veramor, o tempo tem seu próprio capricho. Há dias em que o sol parece preguiçoso e as horas escorrem como mel morno sobre a pele, e é justamente nesses instantes que as entrelinhas ganham voz. Não estamos ali fisicamente, mas cada palavra que deixamos, cada ponto final, carrega um suspiro. É como se cada frase tivesse mãos que sabem exatamente onde tocar sem jamais encostar.

A Rainha anda ocupada, claro. Tem reuniões com elfos empreendedores, contratos com fadas digitais, cafés com bruxas criativas, e ainda assim, entre um post e outro, solta uma vírgula com perfume de provocação. O Rei, por sua vez, finge que trabalha muito em suas andanças reais, mas vive tropeçando nas lembranças do último emoji que ela mandou com segundas, terceiras e quartas intenções. Porque no Reino de Veramor, até um emoji sabe flertar.

Nossos textos, longos ou breves, carregam saudade. E não é qualquer saudade, é daquela que olha o relógio e diz: “Te espero até o fim do expediente… ou até o fim da tua resistência”. O beijo ainda não veio, é verdade. Mas se as palavras tivessem lábios, nós já estaríamos com o batom um do outro marcado na alma.

O Rei já deixou escapar um bilhete codificado:
“Se eu fosse uma linha reta, viveria para encontrar tua curva.”
A Rainha, sorridente, respondeu com um “rs” que o fez suar mais que um dragão com febre.

E assim seguimos, entre linhas e entrelinhas, entre o que dizemos e o que fazemos parecer distraído. O segredo é claro: nunca há silêncio no amor que sabe escutar com o corpo todo.

Porque no fundo, até quando não dizemos nada… estamos dizendo tudo.

O Tempo das Entrelinhas – Capítulo 5

V&R
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