Chamadas Perdidas, Desejos Encontrados – Capítulo 18
📞 Temporada 2 — Atualizações de Amor e Outros Downloads Lentos

Ele nunca ligou. Ela também não. Mas, de alguma forma, as chamadas estavam todas ali.

Não nos registros da operadora, claro. Mas nas entrelinhas dos silêncios prolongados. Nos minutos que ele passava encarando a tela, o dedo sobre o ícone de chamada, o coração sobre o risco de parecer demais, quando, na verdade, ele já era tudo.

Quantas vezes ele compôs mentalmente a ligação perfeita? Aquela em que ela atenderia com a voz rouca de quem acabou de acordar, e ele responderia com um “senti sua falta” que queimaria até o fuso horário dela. Mas o dedo hesitou. E o toque nunca tocou.

Mas não se engane: a chamada aconteceu.
No plano sutil onde desejos se comunicam antes de virarem som.
Ela sentiu. Lá do outro lado do mundo, entre notificações e distrações, teve um arrepio inexplicável, como se alguém tivesse gritado seu nome dentro do peito dela.

É que amor digital também tem sua telepatia.
Um tipo de ligação que a ciência ainda não explica, mas que o coração reconhece de primeira.
Uma vibração que atravessa oceanos, atravessa muros, atravessa medos.

Ele ouviu a respiração dela sem que ela dissesse nada.
Ela sentiu o calor dele sem que houvesse toque.
Porque certos desejos são mais potentes que o 4G.

Chamadas perdidas, sim. Muitas.
Algumas deletadas, outras nunca iniciadas.
Mas em cada uma delas havia um grito mudo de “me atende”, um pedido secreto de “me escuta com o corpo todo”.
Um gemido encoberto por silêncio, mas que atravessava continentes como se fossem lençóis.

E talvez, um dia, ele ligue.
Talvez ela atenda.
Mas até lá, seguirão se chamando na linguagem mais antiga do mundo: o desejo.

Chamadas Perdidas, Desejos Encontrados – Capítulo 18