O Espelho do Quase – Capítulo 13

No Reino de Veramor, os espelhos não servem apenas para refletir o que se vê… mas também o que quase foi.

Há um espelho antigo no corredor que dá para a sala dos livros encantados. Sua moldura é feita de madeira envelhecida pelo tempo, e dizem que ele guarda lembranças — não daquilo que foi dito, mas daquilo que quase se disse.

Foi nele que, certa manhã, a Rainha se deteve ao passar. Com os cabelos soltos sobre os ombros, ela se olhou… e viu mais do que sua imagem. Viu lembranças cintilando no reflexo:

O quase beijo trocado na estufa de lavandas.
O quase toque no corredor estreito da biblioteca.
O quase arrepio quando ele sussurrou seu nome, meio sem querer, meio de propósito.

E ali, parada diante do espelho, ela sentiu novamente.

O Rei apareceu atrás dela, silencioso como um pensamento proibido. Seus olhos não procuravam o reflexo dele, mas o dela. E em vez de palavras, deixou escapar um sussurro que pesou mais que qualquer declaração:
— “Se teus olhos fossem espelhos, eu me perderia por dentro deles todos os dias…”

A Rainha sorriu, mas não se virou.
Ele também não.

Porque naquele momento, o espelho bastava. Ele refletia não o que se via, mas o que se sentia — com desejo, com ternura, com silêncio.

No Reino de Veramor, o quase é sempre inteiro. E cada espelho guarda um suspiro que ainda vive.

O Espelho do Quase – Capítulo 13

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V&R
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