A Janela do Desejo Contido – Capítulo 19

No alto da torre do palácio, há uma janela que nunca fecha por completo. Um defeito antigo, diriam os servos. Um capricho do destino, diria o Rei. É por essa fresta que o vento insiste em entrar, não só com ar fresco, mas com lembranças do que ainda não aconteceu.

A Rainha, de pé diante da claridade pálida do entardecer, deixa os cabelos dançarem ao sabor da brisa. Há uma quietude em seus olhos e uma leve bagunça na alma, o tipo de desordem que só o silêncio provoca. Sem olhar para trás, ela murmura:

— “Às vezes, só preciso que você me abrace antes mesmo de eu pedir.”

O Rei já estava ali, como se tivesse escutado a alma dela antes da boca. Com os braços abertos, respondeu com a calma de quem conhece cada dobra do tempo:

— “Às vezes, só preciso de um sopro teu pra perder o juízo.”

E naquele instante suspenso, onde o tempo hesita entre o que foi e o que será, o vento soprou mais forte, como se o próprio Reino conspirasse a favor de um amor que sabe esperar… mas jamais se esconde.

Dedicatória do Rei para sua Rainha

Para ti, minha Rainha, que és abrigo quando tudo desaba e alvorada quando tudo escurece.

Dedico-te cada gesto, cada silêncio e cada palavra que ainda não inventei, porque em ti mora o sentido que o mundo não consegue nomear. És minha bússola quando me perco e meu repouso quando me encontro.

Que cada página desta história te abrace como meus braços não podem agora, mas desejam com ternura, com fidelidade e com a eterna reverência de quem sabe que amar-te é o maior ato de realeza que já cometi.

Com todo o meu Reino,
— Teu Rei.

A Janela do Desejo Contido – Capítulo 19

Brasão Reino de Veramor

V&R
💙💙💙💙💙