O Gato na Cesta de Roupas

A manhã no Reino de Veramor começava com aquele cheiro de sabão no ar. A Rainha, ainda com os cabelos soltos e um vestido leve, caminhava até a área de serviço para pegar as meias limpas. Ao abrir a tampa da cesta, não encontrou o que procurava, mas sim Luzia, a gata preguiçosa e vaidosa, enroscada sobre as roupas recém-lavadas, como se tivesse encontrado o trono mais macio do mundo. Nilo, sempre curioso, observava de perto, inclinando a cabeça como se aprovasse a escolha da irmã felina.

A Rainha suspirou e passou a mão delicadamente sobre o dorso de Luzia, que ronronou satisfeita, ignorando completamente o fato de estar deitada em cima de todo o trabalho da manhã. Foi nesse instante que o Rei se aproximou em silêncio, envolvendo-a com um abraço morno por trás. Seu queixo descansou sobre o ombro dela, e sua voz veio baixa, mas firme, carregando aquela familiar mistura de carinho e admiração. Disse que até no caos, a vida com ela era poesia.

Lórien e Bravus, os fiéis guardiões de quatro patas, assistiam à cena deitados no chão, sem pressa para intervir, como se entendessem que aquele instante não precisava de ordem, apenas de presença. E assim, entre meias amassadas, gatos folgados e abraços inesperados, o Reino de Veramor ganhou mais um momento para ser guardado no mural das memórias.