O Bilhete no Livro Esquecido

Entre os livros que descansavam em silêncio na estante, um volume antigo parecia chamar mais a atenção. O cheiro de páginas amareladas pelo tempo misturava-se ao ar calmo daquela manhã, quando ela, distraída, resolveu folhear aquele exemplar esquecido. As letras desbotadas quase contavam histórias por si mesmas, mas foi entre duas páginas que o verdadeiro achado se revelou. Um bilhete cuidadosamente dobrado repousava ali, como se tivesse aguardado pacientemente pelo momento de ser redescoberto.

Com delicadeza, ela retirou o pedaço de papel e desdobrou-o. O coração acelerou antes mesmo de ler. A caligrafia inconfundível trouxe de volta um sopro de emoção: “Nessa página não está uma história qualquer. Está o dia em que me apaixonei de novo por você.” O mundo pareceu parar ao redor dela. As paredes já não eram apenas paredes, os livros já não eram apenas livros. Tudo pulsava com a lembrança viva daquele amor que nunca deixou de crescer.

Enquanto seus olhos marejavam, Luzia, a gata de olhar curioso, saltou para o colo dela, como se também quisesse decifrar o mistério daquele bilhete. Nilo, sempre mais calmo, permaneceu enroscado perto da poltrona, observando com um ar sereno, como quem compreendia o peso daquele instante. Lórien, o cão de espírito protetor, deitou-se aos pés dela, erguendo as orelhas ao perceber a mudança de energia no ambiente. Bravus, fiel e alegre, aproximou-se abanando o rabo, tentando arrancar-lhe um sorriso, como se dissesse que a vida sempre traz surpresas doces como aquela.

Ela acariciou Luzia, depois olhou para Nilo, Lórien e Bravus, sentindo que todos ali faziam parte de um mesmo elo invisível, como se fossem guardiões de um reino onde amor e memória se entrelaçavam em segredo. O bilhete nas mãos parecia um sussurro vindo do próprio tempo, lembrando-lhe que o amor não precisa de grandes gestos para ser eterno; basta existir em pequenas delicadezas, como uma frase esquecida em um livro antigo.

A cada palavra escrita naquela folha, ela reviveu o instante em que o Rei, com toda a sua essência, escolheu registrar não apenas um sentimento, mas a certeza de que cada reencontro, mesmo no cotidiano, era um novo apaixonar-se. E naquele momento, entre Luzia, Nilo, Lórien e Bravus, ela compreendeu que o bilhete não era apenas memória. Era um presente vivo, uma chama que nunca se apaga.