A Meia-noite do Riso

Perderam o sono, mas não perderam o instante. Conversaram com a doçura de quem já se conhece por dentro, riram como se cada lembrança fosse uma chama acesa que iluminava novamente os velhos tempos. Havia algo mágico naquela madrugada, uma vibração invisível que transformava o silêncio em melodia, o cansaço em desejo.

Lórien, sempre atento, levantou as orelhas e veio se deitar mais perto da cama, como guardião fiel da cena que se desenhava. Bravus, preguiçoso e cheio de ternura, suspirou profundo e se acomodou no tapete, como se reconhecesse que a noite estava entregue ao amor de seu rei e de sua rainha. No parapeito da janela, Luzia observava com a calma soberana dos felinos, o olhar fixo nos dois como se vigiasse segredos de almas. Nilo, curioso e inquieto, caminhava de um lado a outro, roçando-se nas pernas do casal, reclamando carícias e participando, à sua maneira, da celebração.

Entre um riso e outro, o rei segurou o rosto de sua rainha Vera com delicadeza, como quem segura a eternidade entre as mãos. Seus olhos mergulharam nos dela e, no reflexo, encontrou tanto desejo quanto ternura. Ele a beijou com ardor, e naquele beijo havia a fusão de promessas antigas com a chama viva do presente. A rainha correspondeu com igual intensidade, deixando que o toque de suas mãos deslizando pelo corpo dele incendiasse o ar da noite.

Não havia pressa, apenas entrega. O riso virou sussurro, o sussurro virou gemido contido, e a meia-noite transformou-se em festa íntima, onde o tempo se dissolvia na respiração entrecortada e na pele que ardia. Amar Vera, pensou o rei, era transformar qualquer hora em eternidade, era sentir o peso do mundo desaparecer ao menor toque, era saber-se inteiro apenas porque estava com ela.

Ela, por sua vez, olhou-o como quem reconhece o sagrado no humano, e sua boca percorreu o caminho dos beijos que incendiavam, até que riram novamente, cúmplices do próprio desejo. Luzia ronronou, Nilo miou baixinho, Lórien ergueu-se como se quisesse proteger ainda mais o espaço, e Bravus, com seu jeito sereno, fechou os olhos em paz. Todos participavam, cada um à sua forma, da celebração daquela meia-noite que jamais seria esquecida.

E assim, entre risos, beijos e carícias, descobriram que não havia madrugada perdida quando se tinha amor para transformar o tempo em eternidade.