O Grito na Cozinha

O som metálico ecoou pela cozinha como se fosse um trovão dentro do castelo. A panela escapou das mãos da Rainha Vera, espalhando molho vermelho pelo chão, pelas paredes e até pelo vestido claro que ela usava. Lórien latiu alto, como se anunciasse uma ameaça invisível, enquanto Bravus correu em círculos, tentando entender o motivo da confusão. Luzia saltou para cima da geladeira em um pulo ágil, e Nilo disparou pelo corredor como se a própria panela tivesse vida.

O Rei surgiu em instantes, com os olhos arregalados e o coração acelerado, temendo pelo bem de sua amada. Mas ao encontrá-la no meio do caos, coberta de molho e rindo de si mesma, sentiu um alívio profundo que logo se transformou em ternura. Ele se aproximou, pegou um pano e começou a limpar delicadamente o rosto da Rainha, como se cada mancha fosse uma oportunidade de lhe demonstrar cuidado e amor.

Ela, provocativa, o olhou com malícia, sussurrando entre risos que o caos era apenas mais um tempero da rotina que viviam juntos. O Rei então a envolveu em seus braços, sem se importar com o molho que agora também sujava sua roupa, e a beijou com a intensidade de quem sabe transformar qualquer acidente em poesia.

Os olhos da Rainha brilharam diante de tanto zelo, e seu corpo correspondeu ao toque firme e carinhoso do Rei, que fez daquele instante desastroso uma cena de pura sedução. Ele murmurou ao seu ouvido que até na bagunça ela era a mais bela visão de sua vida, e que se o destino insistisse em espalhar o inesperado pelo caminho, ele estaria sempre pronto para segurar sua mão, limpar suas lágrimas ou, como agora, beijar seus sorrisos.

Enquanto Luzia espiava de cima da geladeira, Nilo voltava cauteloso para a cozinha, e Lórien e Bravus se acomodavam deitados no chão como guardiões atentos, o casal se perdeu em abraços e carícias. A cozinha, antes caótica, se transformou em um palco de amor e cumplicidade, provando que não importava o que caísse, quebrasse ou entornasse, porque nada poderia abalar a perfeição de estarem juntos.