O Pé de Couve e a Filosofia da Rainha

No jardim do Reino, o sol se espalhava com delicadeza entre as folhas ainda úmidas do orvalho da manhã. A Rainha, ajoelhada diante da terra fresca, plantava um pequeno pé de couve com a mesma ternura com que cuidava de tudo que amava. Suas mãos, delicadas e firmes, cavavam a terra, ajeitavam a raiz e cobriam de vida um pedaço simples de verde. O Rei, de pé ao lado, observava em silêncio, encantado com a cena que lhe parecia quase sagrada.

Os gatos Luzia e Nilo se enroscavam perto dela, como se quisessem também marcar presença naquele ritual de carinho. Lórien e Bravus, inquietos como sempre, observavam de longe, farejando a terra revolvida, tentando compreender o mistério de ver algo pequeno se transformar em promessa de futuro.

A Rainha, com um sorriso tranquilo, ergueu os olhos para o Rei e disse: Tudo o que brota com cuidado, cresce bonito. Igual nosso amor. As palavras dela atravessaram seu coração como uma sentença doce e definitiva. O Rei, tomado por uma emoção que sempre o assaltava quando se via diante da grandeza da mulher que tinha ao lado, ajoelhou-se também, aproximando-se dela, sujando de propósito as mãos para compartilhar da mesma terra que ela tocava.

Com um gesto suave, ele acariciou-lhe o rosto, deixando um rastro de terra na pele dela, e riu baixinho ao ver como até nesse detalhe ela ficava ainda mais irresistível. A Rainha correspondeu com um olhar sedutor, daqueles que incendiavam mais do que qualquer chama, e o Rei se entregou sem reservas. Para ele, aquela cena de simplicidade era mais erótica que qualquer luxo: ver sua Rainha de corpo entregue à natureza, em plena intimidade com a vida, tornava-se para ele um convite silencioso de desejo e ternura.

Ele sussurrou ao ouvido dela que, assim como a couve, o amor deles também crescia porque era regado todos os dias com cuidado, paciência e entrega. A Rainha riu, provocando-o com um beijo breve e úmido, cheio de promessas que só os dois entendiam. Luzia e Nilo espreguiçaram-se como se aprovassem a cena, enquanto Lórien e Bravus, excitados pelo movimento, corriam em círculos ao redor, celebrando a alegria daquela união.

O Rei então a envolveu por trás, apoiando a testa em seu ombro, e completou com voz grave: Se o mundo inteiro esquecesse como cultivar o amor, bastava olhar para você que tudo se aprenderia de novo. A Rainha fechou os olhos, tomada pelo arrepio da devoção dele, e naquele instante a terra, a couve, o sol e até o canto dos pássaros pareceram apenas cenário para o verdadeiro milagre: o amor deles, que crescia indomável e cada vez mais forte.