O Quarto Escuro

A noite caiu de repente quando a luz se apagou, deixando o quarto mergulhado em mistério. O silêncio que se instalou foi quebrado apenas pelo som das respirações que se encontravam no ar. O Rei aproveitou a ausência de claridade para transformar cada gesto em poesia, percorrendo com dedos e lábios a pele da Rainha como se a descobrisse pela primeira vez, como se ela fosse um universo novo a ser explorado. A Rainha, entregue à intensidade daquele instante, suspirava profundamente, deixando escapar gemidos suaves que denunciavam o quanto se sentia desejada, amada e reverenciada como sua Rainha eterna. O corpo dela, iluminado apenas pela devoção dele, parecia brilhar na escuridão, como se fosse feito de constelações invisíveis.

Nilo, sempre curioso, pulou na cama em busca de atenção, mas logo percebeu a atmosfera que pairava ali e, sábio como só os animais sabem ser, acomodou-se em silêncio aos pés da cama, como guardião daquela entrega. Lá fora, o vento soprava nas árvores, mas ali dentro não havia frio, pois o calor dos corpos entrelaçados incendiava cada espaço do quarto. Para o Rei, não havia ausência de luz, pois todo o fulgor que precisava estava diante de si, nos olhos e na pele de sua Rainha.

“No escuro, você é a minha única luz, e se o mundo inteiro me roubasse as estrelas, ainda assim eu teria em você o brilho que guia minha vida, o calor que me alimenta, a beleza que me faz forte e a ternura que me mantém inteiro. Nada é mais claro que o teu amor, e nada me ilumina mais do que estar em ti.”