A Música ao Acaso

A canção começou sem aviso, surgindo do rádio esquecido sobre a mesa. Era uma melodia antiga, daquelas que carregam lembranças e misturam o tempo no ar. O Rei ergueu os olhos, encontrou o olhar da Rainha e, sem dizer nada, estendeu-lhe a mão. Ela hesitou por um instante, apenas para fazer charme, e depois se entregou ao convite, pousando os dedos sobre os dele.

Dançaram pela sala sem pressa, deixando os corpos se entenderem no compasso suave da música. O Rei a conduzia com ternura, os passos incertos se tornando poesia no chão. A Rainha sorria, o riso escapando leve, os cabelos tocando o rosto dele a cada giro. Aquele momento era um improviso perfeito, nascido do acaso e da vontade simples de estarem juntos.

Bravus observava deitado, o rabo batendo no chão com entusiasmo. Quando os dois giraram mais rápido, ele se levantou, latindo e saltando ao redor deles, como se quisesse participar da dança. A Rainha gargalhou, e o som de sua risada misturou-se à canção, tornando o ambiente inteiro uma celebração de amor e alegria.

O Rei encostou a testa na dela quando a música terminou, respirando o mesmo ar, como quem agradece à vida por aquele instante.

“Quando danço contigo, até o silêncio ganha melodia.”