O Frio da Noite

O vento soprava lá fora, atravessando as frestas da janela com um som suave, quase como um canto distante. A temperatura havia caído, e a penumbra do quarto parecia ainda mais densa, convidando ao refúgio do corpo e do afeto. A Rainha puxou o cobertor até o peito, mas antes que o frio pudesse se insinuar por completo, o Rei se deitou ao lado dela, envolvendo-a em seu calor.

Ela se aconchegou sem dizer palavra, encaixando o rosto no espaço entre o ombro e o coração dele. O corpo dela encontrou abrigo, e o dele encontrou propósito. O silêncio se tornou o idioma perfeito para o amor que não precisava de voz. Cada respiração que trocavam era uma promessa de cuidado, cada batida de coração, um lembrete de presença.

A Rainha suspirava, sentindo o conforto que só existia naquele toque. O Rei passou a mão pelos cabelos dela com delicadeza, movendo os dedos como quem ora em silêncio. O frio, antes insistente, parecia se render ao calor que nascia entre eles.

Nilo se aproximou e se enrolou nos pés dos dois, tornando-se parte inseparável da cena. Seu corpo pequeno e quente completava o círculo perfeito de aconchego, um testemunho silencioso de paz e amor.

A noite, do lado de fora, podia ser gelada, mas ali dentro tudo ardia com a ternura de quem sabe amar sem pressa.

“Te aquecer é mais do que um gesto, é a missão da minha vida.”