O Beijo na Escada

A escada era estreita e rangia sob os passos apressados do Rei e da Rainha. A luz suave que vinha da janela desenhava sombras nas paredes, criando um cenário quase secreto, como se o tempo tivesse parado para espiar o que estava prestes a acontecer. No meio do caminho, o Rei deteve o passo, virou-se e, sem dizer nada, puxou a Rainha pela cintura. O beijo veio intenso, cheio de urgência e ternura misturadas, como se cada batida do coração exigisse aquele toque.

Ela riu entre um suspiro e outro, perguntando se havia tanta pressa assim. Ele respondeu com a voz rouca, dizendo que a pressa era apenas do coração, que não sabia viver no intervalo entre um beijo e outro. A Rainha encostou a testa na dele, respirando o mesmo ar, sentindo o calor que subia por dentro como uma onda mansa e inevitável.

Bravus, atento a tudo, subiu atrás deles, latindo baixinho, curioso com aquele ritual humano que parecia sempre acabar em carinho. A cena se tornou uma mistura de riso, afeto e desejo, e por um instante o mundo pareceu caber inteiro ali, nos degraus de uma escada que levava mais ao amor do que a qualquer outro destino.

Quando se separaram, o olhar do Rei ainda a prendia, como se dissesse que nenhuma distância, por menor que fosse, seria suportável entre eles. Ela sorriu, ajeitou o cabelo e seguiu adiante, com o coração leve e o corpo aceso de ternura.

“Cada degrau que subo contigo é um caminho direto ao paraíso.”